6 de outubro de 2008

2007: sobre cadernos, crises e apostas.

Pq eu vou tricotar sobre algumas coisitas que conversei dia desses. Afinal, depois de 2 meses sem postar dá pra vc falar, falar e falar (escrever neste caso).

Este é do meu caderno de 2007, mais ou menos quando decidi que faria parte da minha linguagem o uso de pincel + papel reciclado. Não acabei de colorir e nem vou.



Material: pincel + nanquim + Painter 7 + Photoshop 7.

Não sei se alguém entenderá isto, mas tomar este tipo de decisão foi algo importantíssimo para que eu continuasse a desenhar.

2007 me foi um ano bem complicado no campo de trabalho/estudos, onde me ocorreu a séria idéia de parar de desenhar pois não estava nem perto de satisfeita com o meu trabalho, além de não ver nenhum tipo de futuro. O interessante é que dá pra ver bem isto impresso no caderno, pq além de vários trabalhos inacabados, não há uma "consistência" de estilo de uma página para outra, dá pra ver o quanto eu estava em dúvida e divagando sem rumo.

Quando falo em não estar satisfeita não é essa coisa de ficar reclamando "Aaaah eu não desenho bem!". É de perder o tesão na hora de criar (nada te inspira), de arte-finalizar (caneta toma horas e horas) e de nenhum trabalho corresponder nem de perto às suas expectativas. O pior, de olhar pro papel e falar: isto não é o meu trabalho.

No início do tal ano, conversei com o meu colega Breno Ferreira e resolvemos criar O Desafio entre nós: pegaríamos um caderno tamanho A4 com 100 folhas (sulfite ou qualquer uma que a gente quisesse) e teríamos de até o final do ano completá-lo com desenhos (sem ser frente-e-verso p/ não prejudicar o desenho). Combinamos assim para que praticássemos mais e com o óbvio intuito de melhorarmos o nosso traço. Para dar "mais incentivo", uma penalidade: quem não completasse, teria os desenhos arrancados do caderno e o outro levaria de presente.

Pra quem olha e pensa: 100 folhas - mais ou menos 8 meses...1 desenho a cada dia (98 dias). Porém, estamos falando de pessoas que não estavam tão produtivas assim. Ou seja, havia um belo desafio à frente. O mais legal foi que vários amigos gostaram de idéia e resolveram entrar na dança.

Criei um caderno de capa-dura, com 50 folhas em papel Reciclato 75g, 25 folhas sulfites brancas 90g, 10 folhas de papel kraft, 20 folhas sulfites amarela e rosa 75g. Fiz isto lá no Seu Mário (a papelaria da FAU - USP) e saiu + ou - 12 reais. Fica aí a dica pra quem quiser um caderno personalizado.

Reciclato: relutei, mas como dá pra ver me apaixonei e não largo mão.
Sulfite: dã.
Kraft: legalzinho, não me dei tão bem assim.
Sulfite amarela e rosa: gostei mais da superfície amarela.

Um dia estava olhando meus desenhos mais antigos de 2000/2001 quando me deparei com um da época em que eu estava aprendendo a arte-finalizar num curso de Histórias-em-Quadrinhos na ABRA (créditos ao meu ótimo professor Paulo Fragoso). As linhas que fiz com o pincel - apesar da óbvia falta de precisão - eram exatamente aquilo que eu queria no desenho e não sabia exatamente onde procurar.

A variação de linhas (algo que eu não vivo sem), o movimento, a naturalidade do traço e a rapidez. Dá-lhe algumas semanas de treino e parte da crise se foi. O meu êxtase em arte-finalizar era óbvio para os mais chegados. O resultado disto está no trabalho/livro que criei intitulado O Circo. Dá pra ver algumas páginas neste link (clique em "The Circus" à direita):



: N u r s e r y

Aos poucos a crise foi passando, fui retomando o gosto por desenhar e lálálá. O resto acho que dá pra ver por aqui no blog e lá no Carbonmade. Não posso dizer que a crise acabou de vez, só que o fim do túnel já está mais próximo que antes.

Resultado do Desafio: no final do ano, tivemos vários problemas (NÉ MINHA GENTE?) e acabou que ninguém foi penalizado. Eu acabei (por pouco), algumas pessoas desistiram e o grande vencedor da rodada foi o HERMES! que deu uma evoluída monstra no traço, a ponto de quase acabar dois cadernos. Meu orgulho esse menino!

Agora todo ano tenho um caderno e raramente olho o antigo. Quero chegar no final deste ano e compará-los não pra falar "Ai olha como eu melhorei!" mas pra ver o quanto criei até agora. Se é pouco para os padrões internacionais e intergaláticos eu não sei, só sei que este é o meu ritmo.

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Então fikadika criançada. Crises são mais-do-comuns, pedem paciência e esforço.

Recado especial para você, meu caro:
A crise pediu também que às vezes eu racionalize menos sobre o ato de desenhar e seus objetivos (um cacoete terrível que adquiri na faculdade - esta é a verdade) e me deixe levar um pouco pela simples ânsia de criar algo.

Beigos a todos que aqui ainda visitam!

2 Survivor(s):

Jücca de Melo disse...

Haha!
Que bom que isso é comum -.-'

Fer Fer Fer disse...

camilóvski... me senti uma PUTA MENININHA lendo esse seu post.
Morro de vergonha na cara de dizer que nao desenho nada ha seculos tirando o que eu faço aqui no trampo.
deus. quem sabe isso me inspire a trabalhar mais e reclamar menos.

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